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sábado, 1 de fevereiro de 2014

Quase crónicas a Tália: Homo Mironus

Não, não vou. Podia mas não vou. Após uma semana de reflexão intensa acerca do tema que escreveria hoje, pensei em discorrer (que palavra linda!) um pouco sobre a situação política na Ucrânia ou sobre as praxes académicas. Depois pensei: "Não, não vou escrever sobre isto". E "porquê?" pergunta o leitor. Em primeiro lugar porque dá muito trabalho e, neste momento, trabalho é um termo que me aleija os neurónios; em segundo lugar porque, como todos sabem, existem temas muito mais importantes! 

É absolutamente indesculpável a falta de atenção que a nossa comunicação social vem dando ao fenómeno dos mirones. Convém ao Governo e às forças ocultas que nos governam que os mirones não sejam abordados! Porquê que convém não sei, mas este é o argumento que todos usam quando alguma coisa não é focada na comunicação social. 

Como o leitor sabe (se não sabe ficará a saber a partir de agora) sou um homem que dedica muito do seu tempo ao estudo, de preferência ao estudo de coisas que ninguém estuda. Após anos e anos de árdua investigação e observação verifiquei uma nova espécie de Homem. A par do "Homo Sapiens" nasceu o "Homo Mironus". E perguntam vocês..."O que é o "Homo Mironus?""

Há muito muito tempo, num país chamado Portugal, homens com mais de 65 anos começaram a formar um novo ramo evolutivo da espécie humana. Os "Mironus" enquadram-se em três grandes tipos, os quais irei passar a descrever:


Mironus Opus (Mirone das obras)

Esta espécie de "Mironus" vive geralmente em grupo. O seu habitat natural costuma ser em torno de alguma obra pública, sendo que as favoritas destes são as obras que implicam desaterros. Conseguem ficar horas de pé (apesar do reumático) a olhar para determinada obra e dando entre si dicas e bitaites acerca da melhor forma de executar determinada acção. O palito na boca é geralmente um adereço indispensável funcionando como uma espécie de símbolo desta classe de mirones. 

Mironus et nemoris (Mirones da esplanada)

Geralmente fixam residência em cidades com mar. Invernam durante a estação chuvosa e, aos primeiros raios de sol, saem das tocas, colocando-se estrategicamente nas esplanadas à beira-mar. Os óculos de sol são um adereço indispensável para efectuarem a sua actividade favorita, vulgarmente conhecida entre os investigadores como "adrideat", traduzindo para português: "olhar para senhoras jeitosas". São capazes de passar horas nesta actividade e frases como "se eu fosse mais novo" ou..."isto devia ser assim no meu tempo" são recorrentes. 

Mironus accidens (Mirones de acidentes)

Esta é a última classe de mirones, tradicionalmente responsável por aquela coisa chata chamada fila de trânsito. O corpo deste tipo de mirone provoca uma reacção espontânea a qualquer acidente, fazendo com que este tipo de seres ao verem um não consigam andar a mais de 20km/h. Já os mirones transeuntes não conseguem deixar de comentar e avançar teorias acerca dos culpados e frases como: "estes gajos vêm lançados" ou "pensam que a estrada é toda deles" são recorrentes. 

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