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sábado, 11 de janeiro de 2014

Quase crónicas a Tália: Na rua

É na rua que se respira toda a beleza da humanidade. Bem, para ser sincero, na rua respira-se maioritariamente Co2 mas, aqui e acolá, também conseguimos respirar um ou outro ataque de humanidade, ou, na maioria dos casos de falta dela. 

O comportamento humano é deveras interessante, especialmente naquela parte em que as pessoas falam coisas num tom de voz com decibéis monstruosos, obrigando os indivíduos que estão por perto, e por vezes longe, a acompanharem diálogos tão profícuos mesmo que não façam especial questão. Como o leitor deve saber sou um estudioso, especialmente quando se trata de estudar coisas idiotas. Estudar coisas idiotas tem as suas vantagens; em primeiro lugar temos a certeza que somos os únicos a estudar determinado tema e, ao sermos os únicos a estudarmos determinado tema, temos aquela vantagem de ninguém nos vir criticar ou apresentar um estudo melhor que o nosso. Estudar a vida extra-terrestre? Pode ser interessante mas, garanto-lhe caro leitor, que estudar as conversas de pessoas em espaços públicos é também uma actividade muito prazerosa. 

Como sempre lá estou eu a desviar-me do assunto-chave. E qual é o assunto-chave? Aguardem só 2 minutos enquanto consulto as minhas notas...ah, claro, cá está! Coisas que as pessoas dizem na rua pensando que ninguém está a ouvir mas, na realidade, essas mesmas pessoas acabam por falar tão alto que, basicamente, toda a cidade ouve! Sim, eu sei, parece um título de um daqueles livros chatos do século XIX mas não arranjei forma de tornar o mesmo mais curto. Para ser sincero também não tentei. Passarei de seguida a demonstrar os resultados do meu estudo, espero naturalmente que o leitor se delicie com o meu brilhantismo. Não fique desapontado se por acaso não achar nada de especial, na verdade não é qualquer humano comum que consegue compreender a minha genialidade. Bem, vamos lá aos resultados:

Os belos dos resultados:

Estou a atravessar uma passadeira. Em sentido contrário passam dois seres do sexo feminino, uma senhora dos seus 55 anos e uma outra com uns 20 anos. A senhora mais velha terá o nome de "senhora A" e a mais nova de "senhora B". De seguida passarei a reproduzir o diálogo inspirador.

Senhora A: "Caralh... não sabes o nome daquela gaija que apresenta um prugrama que dá na televisão ao Sábado à tarde?"

Senhora B: "Qual? O "Num há bela sem joaum"?

Senhora A: "Foda-** é esse mesmo, como se chama a gaija que está lá cum eles?"

Senhora B: "A Marisa Cruz?"

Senhora A: "Nãoum caral** é outra!"

Neste momento deixei de ouvir a conversa porque já estava a uns 500 metros de distância. Continuei a ouvir um eco sem contudo conseguir distinguir as palavras pronunciadas. Conclusões deste belo diálogo? Algumas. A primeira é o facto da "senhora A" não conseguir proferir uma oração sem uma "caralhada" no meio. Típico das gentes do norte? Certamente, tudo malta com sangue na guelra. Sangue na guelra e uma boa dose de vocabulário, digamos, mais impulsivo.

Outro ponto interessante deste diálogo prende-se com o programa em questão. Desde já devo dizer que tudo o que meta a Marisa Cruz me parece interessante, contudo sempre preferi a versão em que a bela da Marisa saltava à corda no anúncio da Max Men. Porquê? Essencialmente por dois motivos, o primeiro é a idade. A Marisa com 20 e poucos anos era muito mais roliça que a versão quarentona. O segundo motivo é ainda mais importante, tudo o que seja interagir com um indivíduo com cara de parvo e fazer também cara de parva eu dispenso; as senhoras é que não devem dispensar.

Resumindo e concluindo: Ainda que a "senhora B" fosse fisicamente parecida com a Marisa de 20 e poucos anos (sinceramente não reparei) eu ponderaria duas vezes antes de avançar para uma hipotética conquista. Só de imaginar na possibilidade da "senhora A" ser a mãe da "senhora B" o meu cérebro entra em estado de alerta vermelho. Já estou a imaginar o rolo da massa a rolar em direcção à minha cabeça acompanhado, claro está, de meia-dúzia de impropérios valentes com "A bela sem João" como som de fundo.

O leitor é realmente um sortudo. Pense bem, é dos primeiros seres humanos a ler estudos que revolucionarão a ciência mundial. Não precisa de dizer o quão brilhante sou, basta transferir uma quantia generosa para o meu NIB (0023 0000 4934 3293 4).

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