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quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Eusébio

Semanas há em que ando ás voltas com um tema para escrever. Semanas há que esse tema simplesmente não aparece. Esta semana foi o contrário. Sabia desde Domingo sobre o que iria escrever. É claro, sobre o incontornável Eusébio. O "Pantera Negra" é, quase com toda a certeza, o único ex-jogador do Benfica que todos os adeptos do futebol aprenderam a gostar, em alguns casos a amar. Eusébio corporiza não só um clube, não só um desporto, não só um povo mas todo um mundo, pelo menos a parte do mundo que teve o prazer de o ver jogar, não só ao vivo mas também através dos vídeos que nos chegaram até hoje.

Eusébio é uma parte de Portugal e dizê-lo não nos deve inferiorizar enquanto povo. A verdade é que fomos navegadores, fomos escritores e, especialmente durante o século XX, fomos Fátima, Fado e Futebol. Eusébio é o último representante da sagrada trindade a deixar-nos. Após Amália, representado o fado, e a Irmã Lúcia, representando não só a Igreja mas também, de certa forma, a ignorância de um povo iletrado, a morte de Eusébio encerra, ainda que de forma simbólica, o ciclo do "Portugal do século passado".

É claro que comparar Eusébio com Mandela é imensamente exagerado e denota um desconhecimento atroz do nosso passado recente, comparativamente, vir a público dizer que Eusébio era um "ser inculto que gostava muito de whisky" revela uma falta de vergonha e de carácter completamente assustadoras. Se podemos desculpar a Mozer, que fez a comparação com Mandela, não podemos naturalmente desculpar o triste Mário Soares autor da tirada entre aspas.

Portugal homenageou, e bem, a sua lenda. Não foi só Eusébio que morreu, foi Portugal. O Portugal dos "3 F's".


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