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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Ser presidente de câmara como profissão

Soube-se há poucos dias que os autarcas que já tenham efetuado mais de 3 mandatos numa câmara, podem candidatar-se a uma câmara diferente da actual. Isto abre caminho, definitivamente, entre outras, às candidaturas de Menezes e Seara. Não querendo estar aqui a discutir a validade desta decisão, parece-me que, independente da decisão da justiça, esta atitude de alguns candidatos revela uma total falta de moralidade, dado saberem perfeitamente o intuito desta lei, cujo objectivo era evitar a perpetuação do poder, promovendo a rotatividade do mesmo, como forma de regeneração.

Com isto, ser presidente de câmara passa a ser uma profissão...

Por exemplo, pegando no meu caso que sou economista. No âmbito da minha profissão, posso trabalhar em diversos locais, podendo passar de uma empresa para outra, assim seja admitido pelas mesmas. Com esta situação do poder local passa-se a mesma coisa. Pegando no caso de Menezes, hoje é presidente de câmara em Gaia (pelos vistos, parece que já abdicou) e amanhã quem sabe do Porto. 

Isto personifica o pior que existe na política...

Estes senhores como verdadeiras lapas que são agarram-se ao poder, estando nas tintas para a rotatividade e a renovação de quadros, absolutamente essencial. Depois queixam-se da falta de participação de jovens na politica. Pudera! Com atitudes desta natureza, em que as oportunidades escasseiam, os incentivos a uma participação mais activa são mínimas.

Mas os eleitores parecem fechar os olhos a isto...

Acreditando nos resultados de algumas sondagens que aparecem por aí, por exemplo, no Porto, Luis Filipe Menezes aparece à frente nas intenções de voto. Bem sei que as alternativas (excluindo Rui Moreira deste lote) não são as melhores, mas ainda assim custa-me a acreditar que as pessoas aceitem este tipo de jogadas políticas descaradas. 

Isto desvirtua a lógica do poder autárquico...

O cargo de presidente de câmara representa a liderança de um município. Penso que a mesma, deve ser atribuida a alguém que tenha uma intervenção muito forte nesse município, e que tenha um papel de relevância no mesmo, como por exemplo: tenha um passado ligado ao associativismo, tecido empresarial ou mesmo na gestão autárquica do mesmo (como por exemplo, tendo sido vereador anteriormente), desde que a chegada a isso tenha sido fruto de um forte trabalho e reconhecimento junto das populações. 

Conclusão

Espero que as pessoas respeitem esta lógica que me parece a mais plausível, e que castiguem fortemente estas artimanhas partidárias, pois ao contrário do que muitos pensam, a credibilização da política depende dos cidadãos. Caso, por exemplo Menezes seja eleito, isto demonstra que alguns eleitores aceitam de bom grado a imoralidade na política, e isso leva a que a mesma continue bem viva no seio partidário.

1 comentário:

Rocha, André disse...

Ricardo,

concordo inteiramente com a tua visão. Aliás, parece-me que a lei foi feita de forma pouco clara já para abrir "janelas" a este tipo de situações.

Ao contrário de ti, porém, não acredito minimamente nas sondagens para o Porto que dão a vitória a Meneses. Na minha óptica LFM não tem hipótese. Vai perder as eleições e só ficará surpreendido quem tem andado distraído com o decréscimo de popularidade que o candidato tem, não só na cidade, como em todo o país. Rui Moreira será o próximo presidente da C. M. do Porto (e ainda bem!).