Antes de tudo dou as boas
vindas ao mais recente elemento do blog.
Findo o mês de Agosto,
entramos no época em que muitos regressam das férias, pareceu-me apropriado,
além de constatar uma realidade, falar um pouco de golfe e da sua
democratização.
Como apareceu o golfe em Portugal? Como está a sua democratização?
O golfe, tal como hoje se
conhece, é quase certo que surgiu na Escócia, tendo como ponto de partida
modalidades idênticas da época ou anteriores. Este desporto difundiu-se no
mundo pela mão dos britânicos, sendo que Portugal não foi excepção. Chegou ao
nosso país nos finais do século XIX e está irrefutavelmente ligado ao vinho, no
porto (Oporto) e às companhias de telefones, em Lisboa (Lisbon).
Não obstante estes tempos já
serem longínquos aos nossos olhos, em que Portugal só possuía dois campos e os
jogadores escasseavam, entendo que passado mais de um século a modalidade não cresceu
o suficiente nem se democratizou! Bem sei que os campos aumentaram
consideravelmente mas a fatia da população que joga golfe tende a não aumentar.
Desde a última década do século passado que a “população golfista” não dá o
salto quantitativo. É certo que actualmente a conjuntura económica
não propicia o desenvolvimento.
Obviamente a perda de poder financeiro
dos últimos anos tem, naturalmente, um reflexo negativo no desenvolvimento
desta modalidade. Se nos últimos anos a crise provocou um recuo no número de
jogadores e os clubes viram, igualmente, abrandar a afluência aos campos,
causando uma diminuição nas suas receitas, nada foi colado na prática para se
contrariar para contrariar esta tendência.
Todo o jogador de golfe sabe
que os valores praticados na modalidade não são baixos. Alguém que jogue uma
vez por mês com meio set (uma marca fraca), não tenha aulas, não jogue em
campo, seja sócio de um clube sem campo e não jogue torneios consegue que o
golfe seja low-cost, mas igualmente não evolui. Em contra-partida, quem joga
mais que quatro vezes por mês, pretende evoluir, tem aulas, é sócio de um clube
com campo, joga torneios e compra material razoável (mesmo que seja em segunda
mão) despende uns valentes euros. Claro que assim existe a imagem de um
desporto elitista.
A realidade é que de facto
ainda não existiu uma verdadeira campanha de democratização deste desporto,
logo a grande maioria das pessoas continuará a pensar que a modalidade é
destinada a uma elite. O golfe pode vir a ser praticado por todos,
deve é ser divulgado com uma campanha em grande escala e ao mesmo tempo
sustentar esta iniciativa com preços apelativos a todos, contribuindo assim,
para que os que se iniciem possam continuar a praticar este desporto e não
sejam expelidos pelos preços. É urgente envolver os agentes difusores da
modalidade e governamentais numa discussão pública para criar um ambiente de
crescimento, contrariando os indicadores de um clima desfavorável à modalidade.
Aliado a uma imagem elitista a
esmagadora maioria da população não procura, de forma voluntária
conhecer a modalidade, logo a ocupação dos campos continua a ser feita pelos
“antigos” jogadores. As iniciativas são muito ténues, levando a que a ocupação
dos campos seja reduzida. Temos que ser pragmáticos, se um campo tem despesas
fixas, as quais já levaram alguns os campos à falência, deve ser encontrada uma
estratégia que mude este aspecto, ou seja ter mais população no campo. Dividir
a despesa fixa por 10 jogadores não é o mesmo que dividir por 100 (é um mero
exemplo), logo deve-se reduzir de preços, é a lei da procura e da oferta.
É verdade, o golfe é um desporto caro, mesmo para os que dizem que comparado
com outras modalidades não é assim tão dispendioso, sejamos honestos, tirando desporto
motorizado e mais um ou dois o golfe é inacessível a muitas pessoas.
Nem tudo está mal, devemos
congratular a iniciativa da F.P.G. por possuir um espaço “tipo campo municipal”
com preços mais reduzidos e ao lançar o projecto do golfe juvenil 2013-2016.
Sabemos que o futuro da modalidade são os jovens, é nas escolas que podemos ir
encontrar uma população que jogue e possam ingressar num circuito
profissional. Evidente que nem todos serão campeões, porém podem
ingressa nos clubes de forma administrativa e colaborar no respectivo fomento
da modalidade; podem ser apenas jogadores activos para a vida, ou por fim podem
ser treinadores e deste modo conseguirem fazer chegar o golfe a mais pessoas.
Neste segmento da população,
ou seja jovens, o golfe já não é tão dispendioso, por exemplo comparado com o
futebol em que se paga entre 25€ a 50€ para se estar numa escolinha, o golfe
consegue preços idênticos, além do mais o material para estes não é tão
dispendioso.
Concluindo, com este texto de
um modo simples, pretendi elucidar o leitor (quer pratique ou não a
modalidade), que a maioria dos campos para sobreviver não pode encara o golfe
como um desporto elitista, deste modo, devem ser reflectidos preços de aceso
aos campos (no geral: aulas, material, torneios). As portas do “golfe” devem estar
abertas a todos que queiram ter acesso à prática e com os preços reduzidos. O
campo está lá quer se use ou esteja deserto, como tal é preferível estar povoado! Também
é certo que vão existir sempre alguns clubes que praticam preços elevados,
apenas acessíveis a algumas pessoas, todavia, em contra partida é importante ter
clubes com valores mais acessíveis, e ao mesmo tempo serem divulgados entre
todos.
7 comentários:
Perfeitamente de acordo. No entanto gostava de ver um maior envolvimento por parte da federação.
Caro amigo David,
A maior das verdades não as dizes concretamente, o golfe quer deixar de ser elitista mantendo-se sempre elitista. Os campos não querem ser ocupados por pés descalços, todo o clube gosta de manter o seu status. Campanhas? O golfe em Portugal não sai do sítio enquanto não disserem aprende-se e joga-se por menos de 500€ ano. Concordo que existam campos e campos, quem quiser ter campos fechados para os sócios está no seu direito, em oposição deveria existir uma alternativa de cariz municipal, mas só daqui a uns bons e longos anos.
Abraço do C. Gomes
Ninguém quer saber de golfe,não é desporto. O pessoal quer é futebol, é barato, todos gostam de ver e jogar. É uma paixão!
Comentário muito fraquinho e bastante superficial.
A ignorância e falta de bom senso leva a tais disparates, não sou panegirista que se viva para um único desporto. João Filipe presumo que você tenha uma visão muito redutora da vida. Já habitei num país onde o golfe é um desporto de massas, passei férias onde quase nem se falava nele, o importante é praticar-se exercício físico e múltiplo facetado. Não podemos ver as nossas preferências condicionadas por alguns só ecoarem que o futebol é a diversão de todos.
C. Gomes
Este apontamento é bastante coerente e resume o estado do nosso golfe, ficaria satisfeito se continuasses o texto de forma a apresentar soluções para se conseguir essa democratização. Sou favorável a este nosso desporto deve ser o de todos, não meramente de uma única estirpe social mas são precisas gerações para mudar este pensamento e colocar o golfe noutro patamar. Continuaram campos a fechar, outros a abrir, golfistas a desistir outros a começar mas ainda existe por vias e travessas dificuldades para deixar de ser um desporto caro. Não consegues mudar isso de um dia para o outro.
Querem deixar o povo jogar golfe? Pensava que os ricassos queriam o golfe só para eles.
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