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domingo, 2 de março de 2014

Quase crónicas a Tália: "A Universidade da Vida nas redes sociais"

Ninguém sabe onde ela fica, ninguém sabe que cursos tem, tampouco sabemos qual o valor da propina. A Universidade da Vida é, não só a mais misteriosa de todas as instituições de ensino superior, como também a que tem o maior número de alunos no nosso país. Colocadas as coisas deste modo pode soar a contra-sendo mas não é caro leitor.

Numa altura em que tantos se queixam que o nosso país tem um défice elevado de licenciados é uma pena que as estatísticas não incluam os alunos dessa sociedade para-maçónica chamada "Universidade da Vida". Convém antes de tudo esclarecer que as cadeiras dessa instituição de ensino superior devidamente credenciada (só não sabemos por quem) são de madeira e, casos há, imagine-se, em que as tais cadeiras chegam a ser de pedra! Por aqui atestamos não só a qualidade do ensino no que toca aos acabamentos mas também a resistência do material das unidades curriculares.

Podem perguntar-me qual o perfil de aluno que cursa na "Universidade da Vida", pois bem, as minhas incursões nessa instituição ultra-secreta revelam desde já dois nomes bastante conhecidos: José Sócrates e Miguel Relvas. Quem tinha dúvidas acerca da validade dos cursos destes dois excelsos cérebros nacionais terá de guardar a "viola no saco" e aceitar que, toda a experiência empírica no que toca a negócios manhosos com empresas brasileiras, africanas, casos Freeport etc. etc. etc. só foi conseguida graças aos professores notabilíssimos da Universidade da Vida.

As redes sociais, ou melhor, a única que uso, o facebook, (os blogs também são uma rede social não são? pronto, então são duas redes sociais) está pejado de alunos da universidade da vida. O facto de alguns não saberem quase ler são pormenores meramente secundários! No fundo o que importa é demonstrar todo um conhecimento de experiência de vida que seja realmente rico! E quem é que diz que não tem uma experiência de vida rica? A resposta é ninguém!

Nunca ouvimos ninguém dizer: "Sabes André, eu até sou um tipo bastante normal. Acordo todos os dias às 7:00, vou trabalhar, chego às 17:00, vejo o telejornal e a novela e vou para a cama. Não faço nada para ser um tipo "porreiro" e geralmente partilho apenas os momentos em que sou moderadamente feliz como, por exemplo, as excursões a Fátima". Nas redes sociais toda a gente parece espectacular, com uma vida absolutamente incrível! O facebook não é bem o "facebook" será antes um "facebestmomentbook" portanto, não se deprimam demais quando acharem que as outras pessoas são extremamente fixes e vocês não.

Que relação é que isto tem com a "Universidade da Vida"? São geralmente os integrantes desta instituição de ensino superior que fazem questão de demonstrarem que têm uma vida "fixe" escondendo a profunda deprimência de uma existência acondicionada a momentos fugazes de alguma felicidade que rapidamente são absorvidos pela "medianiazinha rotineira" de uma existência mais pautada para o existir (passo a redundância) que propriamente para viver.

As redes sociais trouxeram ao homem contemporâneo (especialmente aqueles que conservam ainda as duas mãos) uma mania extremamente deprimente de descartarem fruírem os bons momentos na sua plenitude com a ânsia de partilharem os mesmos nas redes sociais numa qualquer tentativa manhosa de afirmação social. Quando a tudo isto se junta o estudo na "Universidade da Vida" temos um caldeirão explosivo de alguém com problemas de índole existencial demasiadamente exacerbados.

Eu sei que possivelmente terei um coro de críticas na caixa do meu chat da dita rede social mas não é nada que não esteja habituado. Felizmente digo sempre o que quero, com alfinetadas mais ou menos violentas.

Bom Domingo sim??? :)

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