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sábado, 2 de novembro de 2013

Isto é Portugal (Parte 3-3)

Isto é Portugal é uma rubrica de 3 artigos com a assinatura de André Rocha que pretendem reflectir sobre a realidade nacional. Poderá ler a primeira parte AQUI e a segunda AQUI

3 - A falência dos socialismos e o preconceito liberal


"O socialismo não funciona excepto no céu, onde não é necessário, e no inferno, onde sempre existiu." - Stephen Leacock

Com o fim da II Guerra Mundial, em 1945, a ideologia socialista (Estado Social) veio ocupar o lugar de escola política dominante na Europa. Após o fracasso do movimento pré-liberal, ensaiado no século XIX, sucedeu a este o modelo autoritário-totalitarista e, finalmente o já referido socialismo com os seus ideais de igualdade e equilíbrio social. 

Do desabar do Estado Novo (em 1974) até aos nossos dias, os partidos socialistas têm governado o país. Quando me refiro a socialismo tenho intenção são só de mencionar o PS mas também o PSD (para todos os efeitos é um partido socialista). A social-democracia é uma forma de socialismo se atendermos ao conceito moderno da ideologia que se foi adaptando à evolução política contemporânea. Por outro lado, essa mesma evolução foi responsável pela mutação do socialismo, convergindo este com muitos pontos da escola social-democrata. É impensável compararmos o socialismo do século XXI com, por exemplo, o do século XIX ou inícios do XX; conceitos ultrapassados como o da colectivização dos campos, ou da instauração do modelo através da via revolucionária são apenas dois exemplos. As ideologias políticas evoluem. 

Podemos portanto concluir que, no nosso país, o PS e o PSD têm muitos mais pontos de convergência que propriamente de afastamento (do prisma político-ideológico). A título de exemplo, o PSD de Sá Carneiro tentou aderir nos anos 70 à Internacional Socialista. Esta entrada foi vetada por Mário Soares que puxou para o PS a total herança (pelo menos aparente) do socialismo democrático tão em voga a partir de meados do século XX.

A finalidade da política socialista e o seu impacto no desenvolvimento económico

Os socialistas (nos quais incluo os sociais-democratas) pretendem uma sociedade na qual todos ganhem mais ou menos o mesmo, de modo a esbater as discrepâncias sociais. A distribuição da riqueza por todos é o objectivo final. Do ponto de vista teórico, esta forma de pensar poderá estar correcta, contudo quando passamos à esfera prática esta dimensão torna-se absurda já que vai contra a competitividade económica e também choca com a potencialização da sociedade de consumo, a qual todos criticamos mas sem a qual nenhum de nós conseguiria viver. 

Os socialismos colocaram o poder no Estado, despindo as pessoas de uma participação mais activa na vida política e social. O aumento do peso deste, a ausência de uma política de privatizações clara assim como o enfraquecimento da Sociedade Civil e da vitalidade associativa, por uma série de medidas assistencialistas, levaram a economia a perder força, ou melhor a nunca a ganhar. A ideia de que o Estado tem de garantir a qualidade de vida dos cidadãos, despindo os próprios cidadãos desse objectivo, levou o país a uma perda assinalável de competitividade e não conseguiu estimular o modelo meritocrático de ascensão social.

É evidente que a desigualdade de oportunidades deve ser combatida, contudo sempre existirão indivíduos mais aptos, mais trabalhadores e com uma maior capacidade de produzir. Estes terão maior probabilidade de virem a ter sucesso profissional ao contrário dos indivíduos com uma personalidade pautada pelo laxismo, sem objectivos ou ambição.

A justiça do modelo liberal prende-se com esta dimensão: Enquanto o socialismo procura que todos ganhem mais ou menos o mesmo, promovendo a igualdade, o liberalismo promove a desigualdade pela natural capacidade que cada um de nós tem de ser (ou não) bom profissional. O socialismo dá a refeição, o liberalismo a cana para pescar. O mais competente pescará mais. 

Não podemos dizer que o modelo liberal está falido. Esse é o maior engano que os socialismos tentam impor. O modelo liberal, na realidade, nunca foi implementado na sua plenitude. Os socialismos estão gastos, já se experimentaram todos os modelos socialistas imagináveis e o resultado foi sempre o mesmo. Tentaram escamotear o seu falhanço apelidando o próprio socialismo de liberalismo e, de uma forma muito pouco consciente, continuam a distorcer um e outro conceito. É pois necessário reerguer a verdadeira doutrina liberal e não transportar para esta os insucessos de um modelo que tem apenas um nome: socialismo. 

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