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terça-feira, 8 de outubro de 2013

Praxes

Não, não gosto. Não é só porque estraga o verniz das unhas, rasga as calças e a quantidade de suor expelido durante as mesmas é deveras assinalável. Realmente não é só por isso, mas também. É claro que estragar o verniz das unhas é chato, rasgar as calças (especialmente quando são novas) idem. Quanto ao suor, é saudável eliminar toxinas fazendo exercício físico por exemplo; já a fazer figuras de parvo, nem por isso.

Não é só por isso que não gosto de praxe. Respeito muito quem vai, são pessoas que demonstram um desprendimento de tudo quanto é a sua vida, dedicando-se exclusivamente a servir de entertainer's a indivíduos vestidos de negro. Jesus Cristo salvou-nos na cruz (segundo dizem por aí); os meninos que vão à praxe salvam os seus praxantes de um dia de tédio; sim, acho que frequentar a praxe é sinónimo de não ter nada mais interessante para fazer. Ir às compras, ler um livro, ver um filme, comer pipocas, dar banho ao cão, ter um diálogo sobre física quântica com o Emplastro...tudo exemplos mais interessantes que participar da praxe. 

Depois vêm falar-me de união, do sentido de entreajuda, de amizade. Resumidamente, vêm falar-me de falsos moralismos. Quando estudei escolhi muito bem as minhas amizades. Não quis ser amiga de todos mas sim daqueles com quem me identificava, não quero (nem tenho) de cumprimentar toda a gente que teve aulas comigo. O mais engraçado é que existem pessoas que continuam a achar que é possível gostarem de todos! Ah, que idílico! A praxe retira o "eu" e impõe o "nós". Onde é que eu já vi isso? Ah, lembrei-me agora! Foi na Coreia do Norte!

As pessoas têm personalidades diferentes e não têm, nem devem pensar que é possível formar um grupo "unido" de 100 ou 120 pessoas. É caso para dizer "WEAK UP!" Parece-me muito pobre falarmos em espírito de união quando o que une a malta das praxes é, apenas e só, pertencerem ao mesmo estabelecimento de ensino. Toda a filosofia inerente à praxe é, portanto, ridícula. Não é por julgar a praxe ridícula que vou ser "anti-praxe" ou algo do género. Como já disse respeito quem perde o seu precioso tempo nesse tipo de atividades.

O argumento da tradição também é deveras engraçado. Existia a tradição de, antigamente, queimar senhores e senhoras na fogueira. A tradição não justifica tudo e, como todos sabem, o espaço público é de todos. Por isso mesmo sinto que a poluição visual deve ser reduzida, logo, no que toca às praxes, como cidadã, não tenho que assistir a esse espectáculo deprimente de cada vez que saio à via pública. Fico chocada quando vejo uma menina com as unhas estragadas ou com as calças rasgadas por causa da praxe, admito.

1 comentário:

Dadinho disse...

Subscrevo na íntegra!
Tradições destas, dispenso-as bem!
Parabéns pelo blogue e pela assertividade dos textos!